SummaryPictures of Ghosts is a multidimensional journey through time, sound, architecture and filmmaking, set in the urban landscape of Recife, Brazilian coastal capital of Pernambuco: a historical and human territory, examined through the great movie theaters that served as spaces of conviviality during the 20th century. Having hosted dreams a...
SummaryPictures of Ghosts is a multidimensional journey through time, sound, architecture and filmmaking, set in the urban landscape of Recife, Brazilian coastal capital of Pernambuco: a historical and human territory, examined through the great movie theaters that served as spaces of conviviality during the 20th century. Having hosted dreams a...
Love suffuses Pictures of Ghosts, a cleareyed, deeply personal and formally inspired rumination on life, death, family, movies and those complicated, invariably haunted places we call home.
Pictures of Ghosts isn’t a timeline but a winding journey through remembrances of things past, and it moves with entrancing gracefulness through a history that’s near and dear to Kleber Filho’s heart.
Filho is self-reflective, not self-obsessed, and his clear-eyed stance is crucial to the anti-vanity he brings to his examination of his childhood home and youthful obsession.
As always with Kleber Mendonça Filho, to reflect reality isn’t enough, as cinema has to find its own truth, even if it takes some imagination to get there.
KMF cria um filme autoral com o gabarito de ser um dos cineastas mais importantes do cenário nacional, permitindo-se citar sua filmografia de forma completamente natural e orgânica, sem soar pedante, enchendo o documentário de subjetividade, de particularidades simbólicas que ganham projeção na sétima arte já (quase) massificada.
A áurea de "retratos fantasmas" lembras aqueles documentários que passam nos centros acadêmicos das universidades, com sua linguagem das ciências sociais (inclusive com muitas citações de clássicos das humanas), utilizando-se de uma narração em off do próprio Kleber, de forma didática e esmiuçada, refletindo sobre o papel do tempo, geografica e culturalmente.
É um documentário rico, com um universo a explorar, seja nas crônicas do cotidiano com suas casas que se reformam e mudam lenta e timidamente, ou seja por pesadas mudanças arquitetônicas na cidade. Kleber, longe de tentar abraçar o mundo ou criar um tratado sobre a passagem do tempo onde as locações tornam-se cada vez mais perenes e ditadas por um tempo cronológico mais insano. Não há mais placas físicas em cinemas de rua, hoje o ritmo do shopping e do consumismo, com condomínios cada vez mais enclausurados e com paredes desconfiadas, vão ganhando a paisagem urbana.
Aqui, então, tem-se um estudo indutivo, isto é, Kleber tenta ir do particular ao geral, com uma fotografia em preto e branco para demarcar que se trata de mudanças sociais, culturais, urbanísticas, geográficas, mas também históricas.
Ao se permitir citar "Som ao redor" com tanta intimidade, vamos mergulhando nessa conversa agradável sobre como os fantasmas do passado persistem, fazendo-nos refletir sobre as mudanças, pondo em cheque o presente não por uma hierarquia de valores, pois não necessariamente o passado é melhor que o presente (neste sentido, o documentário acerta a não adotar o tom saudosista), mas por estar consciente de que nosso momento presente é fruto do passado.
Como diria Marx, em "Os 18 Btumários": “Os homens fazem sua própria história mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”.
É um filme que olha para o presente, ainda que o roteiro se debruce sobre o passado. É de uma incrível sensibilidade, mesmo que partindo de uma visão muito particular, e mesmo que esforçando-se para sempre parecer pedagógico demais, ou não confiando tanto no poder da imagem, com uma edição simples, mas que nos faz, por um momento, aceitar a proposta de pensar as contradições a que hoje assistimos. Cinema nacional em um estágio de maturidade excelente.